Brasileiro deixa de comprar comida para gastar dinheiro em bets, mostra pesquisa

Um relatório do Banco Central (BC) revelou que R$ 22 bilhões saíram de contas de pessoas físicas e foram diretamente para sites e a apps de apostas digitais no primeiro trimestre de 2025. O levantamento foi apresentado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as chamadas bets.

O tema foi debatido durante Sessão Deliberativa Ordinária no Senado realizada ontem (15). De acordo com o senador Humberto Costa (PT/PE), presidente da sessão, se o ritmo for mantido, o ano de 2025 se encerrará com aproximadamente R$ 270 bilhões gastos pelos brasileiros com apostas.

  • Confira:

    A pesquisa mostrou que 986 mil pessoas podem não efetivar a matrícula na graduação no primeiro semestre de 2026. O motivo? Comprometimento financeiro com sites de apostas.

    De acordo com o estudo, 52% dos entrevistados disseram apostar regularmente, indicando de uma a três vezes por semana pelo menos. Os valores investidos ficam em média em R$ 421 por mês nas classes D e E, chegando a R$ 1.210/mês entre pessoas da classe A.

    Autocrítica?

    Sem o tom necessário de autocrítica, os senadores lembraram na Sessão Deliberativa Ordinária de ontem a importância de se trabalhar para tentar frear a chamada “febre das bets”.

    O senador Eduardo Girão (NOVO/CE) foi um dos primeiros oradores a criticar as casas de apostas. Ele chamou a liberação das bets de “desastre” e que o fato deve servir de aprendizado para não autorizar os cassinos e bingos. “Errar uma vez é ruim, mas errar duas vezes é injustificável, porque estamos tratando de um vício que destrói famílias e leva muitos ao suicídio”, justificou.

    Quando esteve com o microfone, o senador Izalci Lucas (PL/DF) argumentou que as bets “destruíram o Brasil”. Ele lembrou que além de equivaler ao consumo de produtos importantes como carne, os sites de apostas acabaram sendo a destinação de parte do dinheiro recebido do Bolsa Família em muitas famílias.

    No caso do senador Chico Rodrigues (PSB/RR), ele defendeu uma “cobrança de imposto substancial a essas bets”.

    “A gente vê, inclusive, que, sobre os benefícios sociais que o Governo destina à população brasileira, como, por exemplo, o Bolsa Família, tem famílias que muitas vezes se veem quase sem nada daqueles valores, porque normalmente os cabeças da família passam a utilizar o jogo como uma prática de risco à vida […] Isso é uma verdadeira ilusão, que está preocupando sobremaneira todos nós, porque atinge frontalmente a sociedade brasileira”, discursou.

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