Meta desenvolve pulseira com IA que controla computadores por gestos

Resumo
  • Meta está desenvolvendo uma pulseira que interpreta sinais musculares (sEMG) para controlar computadores e dispositivos por gestos.
  • A tecnologia permite transcrever texto no ar e reconhecer gestos com alta precisão via IA.
  • Voltada para realidade aumentada e acessibilidade, já foi testada com pacientes com lesão medular.
  • Ainda está em fase de pesquisa e não há previsão de lançamento.

A Meta está desenvolvendo uma pulseira inteligente que permite controlar computadores e outros dispositivos apenas com gestos. O acessório usa sensores para captar sinais elétricos dos músculos do antebraço, interpretando a intenção de movimento dos dedos e convertendo em comandos digitais.

A tecnologia foi revelada pela primeira vez em janeiro e ganhou novos detalhes nessa quarta-feira (23/07), em um artigo publicado na revista Nature. Segundo o estudo, a pulseira já consegue transcrever texto escrito no ar e identificar gestos com alta precisão.

Para a Meta, o dispositivo é uma peça-chave para interfaces de realidade aumentada. A pulseira também pode ter aplicações importantes em acessibilidade, ajudando pessoas com deficiências motoras.

Como funciona?

A pulseira usa uma tecnologia chamada eletromiografia de superfície (sEMG, na sigla em inglês). Diferente de interfaces cérebro-computador invasivas, como o chip da Neuralink, de Elon Musk, ou o implante cerebral Stentrode, da Synchron, o dispositivo da Meta funciona em contato externo com o corpo.

Ele possui uma série de eletrodos que, em contato com a pele do pulso, detectam os sinais elétricos que o cérebro envia aos músculos da mão para iniciar um movimento. Os sinais são identificados mesmo que o movimento seja sutil ou até antes de ele ser totalmente executado.

Com isso, um modelo de IA, treinado com dados de milhares de participantes, interpreta esses padrões elétricos e os traduz em comandos específicos, como mover um cursor, fazer um gesto de pinça para clicar ou até mesmo simular a digitação em uma superfície qualquer.

Os pesquisadores responsáveis explicam que precisaram criar esse modelo de IA “genérico”, alimentado com dados de vários participantes, para lidar com a variabilidade. Isso porque, durante os testes, um modelo de IA treinado com os dados de uma única pessoa e aplicado em outra apresentou um resultado pior.

Em 98% dos casos, o modelo treinado com os dados do próprio indivíduo funcionou melhor para ele do que qualquer outro modelo treinado com dados de outra pessoa.

Segundo o estudo, isso ocorre devido a alguns fatores: o posicionamento dos sensores nunca é idêntico a cada uso e pequenas diferenças na anatomia, fisiologia e no comportamento alteram os sinais elétricos captados pela pulseira.

Desempenho em testes práticos

Os resultados, publicados pela Nature, mostram que a interface já é funcional em tarefas de uso real. Em um teste de digitação, os cientistas instruíram os participantes a simular a escrita de frases no ar, como se segurassem uma caneta invisível. A pulseira da Meta conseguiu decodificar os micromovimentos dos tendões e músculos, atingindo uma velocidade média de 20,9 palavras por minuto (WPM).

Para se ter uma noção da velocidade, os participantes repetiram a mesma ação sem a pulseira (e sem caneta) e atingiram uma média de 25,1 WPM. Ambos os valores ficam abaixo das 36 WPM que, segundo a pesquisa, são a média de digitação em um teclado de celular.

Além da digitação, a pesquisa revelou uma taxa de 0,88 gestos detectados por segundo em uma tarefa de reconhecimento de gestos discretos. Os usuários precisavam navegar em uma interface usando toques e deslizes do polegar. O resultado, no entanto, foi inferior ao desempenho de alguém usando um controle (1,45 gestos por segundo).

Em outro teste com controle de cursor horizontal, a média de tempo para atingir um alvo foi de 0,68 segundo com o trackpad de um MacBook e de 1,51 segundo com a pulseira sEMG — mais que o dobro.

Entretanto, os pesquisadores da Meta argumentam que a comparação direta nos testes tem limites. A principal vantagem da tecnologia sEMG seria a não exigência de uso das mãos para segurar qualquer objeto, como um smartphone, por exemplo. Para os cientistas, em cenários em que a velocidade máxima não seja o foco, a pequena queda no desempenho pode ser uma troca aceitável.

Meta acredita que esse é o “futuro”

O plano da Meta é tornar a pulseira uma peça central no futuro da computação, especialmente como controle para óculos de realidade aumentada, em que teclados, toques e telas não fazem sentido.

A tecnologia também pode ter um papel importante em acessibilidade. Em parceria com a universidade Carnegie Mellon, a Meta testa o dispositivo com pessoas que sofreram lesões na medula espinhal.

Segundo os pesquisadores, mesmo em casos de paralisia total das mãos, os músculos ainda emitem sinais quando a pessoa tenta se mover — e a pulseira seria capaz de captar essa intenção.

Por enquanto, o projeto ainda está em fase de pesquisa e não há previsão de lançamento.

Com informações de TechCrunch e Nature

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