Resumo
- Meta é processada por suposto uso de vídeos adultos pirateados no treinamento de IA.
- Acusação diz que empresa compartilhou conteúdos da Strike 3 para acelerar downloads via BitTorrent.
- Produtora pede indenização e que Meta exclua os dados dos modelos já treinados.
Após livros e artigos jornalísticos, agora os filmes pornográficos aparecem em novas acusações de uso indevido no treinamento de IA. A Meta está sendo processada por supostamente piratear e distribuir intencionalmente milhares de vídeos de conteúdo adulto.
A acusação foi feita pela Strike 3 Holdings, produtora especializada neste ramo, em uma ação judicial movida na Califórnia, nos Estados Unidos. Ela alega que essa é uma estratégia da Meta para acelerar o download de outros materiais ilegais, que também seriam usados no treinamento dos modelos de IA da empresa.
Segundo o processo, a empresa de Mark Zuckerberg teria baixado e semeado os vídeos da produtora na rede BitTorrent, que é baseada no P2P. Ela prevê que, quanto mais arquivos populares são compartilhados por um usuário, maior é sua prioridade e velocidade para baixar outros conteúdos da rede.
Segundo a denúncia, a Meta teria se aproveitado dessa lógica ao escolher intencionalmente vídeos altamente pirateados da produtora como “moeda de troca” – o que teria permitido acesso mais rápido a grandes volumes de dados, como livros e softwares ilegais.
O processo afirma que a big tech compartilhou pelo menos 2.396 vídeos com direitos autorais da Strike 3. Com isso, a Meta teria baixado grandes volumes de dados, que seriam posteriormente utilizados no treinamento de modelos como o Llama.
Meta teria ocultado atividade com VPN

A Strike 3 afirma ter reunido evidências de que a prática ocorre desde 2018. Usando ferramentas próprias de rastreamento de BitTorrent, a empresa alega ter identificado 47 endereços de IP ligados à Meta. A big tech também teria usado ao menos seis serviços de VPN para mascarar sua identidade durante os downloads.
Além disso, o processo afirma ter rastreado parte da atividade até um endereço residencial vinculado a um funcionário da empresa.
Qual o pedido da Strike 3?
A produtora argumenta que a prática da Meta, além de ilegal, é predatória, e pede por indenização. Adicionalmente, exige que a Meta delete todo o conteúdo roubado de seus dados de treinamento e dos modelos de IA já existentes.
O temor é de que a gigante da tecnologia use o material, descrito como “imagens naturais e centradas no ser humano”, para criar um gerador de conteúdo adulto concorrente.
Até o momento, a Meta não entrou em detalhes sobre o caso. Um porta-voz da empresa disse ao site Ars Technica que estão “analisando a queixa, mas não acreditamos que as alegações da Strike 3 sejam precisas”.
A inteligência artificial se tornou campo fértil para questionamentos judiciais. Em fevereiro, a própria Meta admitiu que baixou livros pirateados via BitTorrent. No ano passado, a OpenAI se safou de acusações por pirataria e em junho deste ano a Anthropic, criadora da IA Claude, venceu processo por uso de livros para treinar IA. Todos os casos correram em tribunais da Califórnia.
Com informações do Ars Technica