A série . Parker, que cresceu num ambiente religioso e conservador, viu na história de White um espelho de sua própria juventude: um jovem em conflito com a masculinidade e a fé.
Mas Boots não é uma simples biografia. Parker optou por criar um protagonista fictício, Cameron Cope (vivido por Miles Heizer), inspirado em White, mas com espaço para novas histórias e personagens.
O objetivo era ampliar a perspectiva: mostrar que o alistamento militar pode significar muitas coisas, como fuga, busca de pertencimento, disciplina ou até esperança de um recomeço.
A série também homenageia a amizade entre White e seu melhor amigo heterossexual, recriada em tela na relação entre Cameron e Ray McAffey (Liam Oh). Essa conexão emocional, marcada por lealdade e respeito, é o coração da narrativa. Uma representação rara de laços profundos entre homens em um ambiente rigidamente masculino.

Ao situar a trama em 1990, três anos antes da política “Don’t Ask, Don’t Tell”, Boots mergulha em um momento delicado da história americana. Era um tempo em que soldados LGBTQ+ precisavam escolher entre servir ao país e viver sua verdade.
Ser descoberto significava expulsão e vergonha pública. Ainda assim, muitos, como Greg Cope White, permaneceram, encontrando dentro do sistema as ferramentas para se fortalecer.
A produção, supervisionada por veteranos do Corpo de Fuzileiros e pelo próprio White como co-produtor, busca equilíbrio entre autenticidade e emoção. O resultado é uma série que não se limita ao drama militar, mas que explora temas universais: identidade, amizade e coragem para parar de fingir.
Mais do que uma história sobre o exército, portanto, Boots é sobre o poder de se reinventar, mesmo quando o mundo parece não ter lugar para quem você é.