Lip-Bu Tan ocupa o cargo de CEO da Intel desde março de 2025 e, em vez de fazer promessas mirabolantes, vem conduzindo a companhia com “pés no chão”. Essa postura levou o executivo a reconhecer, recentemente, que é “tarde demais” para alcançar a concorrência em IA, mas que ainda há o que ser feito.
Presumivelmente, Lip-Bu Tan se refere à Nvidia. Os chips da companhia têm sido empregados em numerosas soluções de inteligência artificial, e são adotados por gigantes como Google, Meta, Microsoft e, claro, OpenAI.
Não é por sorte que, nesta semana, a Nvidia alcançou a marca de US$ 4 trilhões em valor de mercado.
Mas a Nvidia está longe de ser o único problema da Intel. As declarações de Lip-Bu Tan vieram de uma transmissão direcionada a funcionários da qual o site OregonLive teve acesso. Ali, o executivo reconheceu que a Intel perdeu força no mercado de semicondutores como um todo:
20, 30 anos atrás, éramos realmente os líderes. Agora creio que o mundo mudou. Não estamos nem entre as dez maiores empresas de semicondutores.
Lip-Bu Tan, CEO da Intel
De fato, a Intel parece ter parado no tempo. A companhia continua sendo referência em processadores para PCs e servidores convencionais, mas:
- não conseguiu emplacar no segmento de chips para celulares
- tem uma participação muito pequena no segmento de GPUs dedicadas
- não tem a força da Nvidia no segmento de soluções para IA
- viu a sua reputação ser prejudicada devido a falhas identificadas em seus processadores nos últimos anos
E esses são só os problemas principais.

O que acontecerá com a Intel a partir de agora?
A lucidez de Lip-Bu Tan com relação à situação da Intel não deve ser entendida como resignação. O executivo tem planos para fazer a companhia ter a relevância de outrora.
Entre eles está o de direcionar esforços para que a Intel tenha presença expressiva no segmento de IA de “borda”, isto é, em chips ou tecnologias que levam o processamento de tarefas de inteligência artificial para dentro dos dispositivos (em vez de essas tarefas serem executadas nas nuvens).
O CEO da Intel também vê oportunidades para a companhia no campo da “IA agêntica”, que permite que soluções de inteligência artificial operem de modo independente, sem orientações constantes vindas de humanos.
Mas todas essas expectativas não chegam livres de efeitos colaterais. Ao mesmo tempo em que faz planos para o futuro, a Intel vem reajustando as suas operações, o que tem resultado em demissões. Nesse sentido, fala-se que a empresa cortará pelo menos 529 cargos em Oregon (EUA) nos próximos dias e que mais desligamentos virão na sequência.
CEO da Intel: é “tarde demais” para alcançar a concorrência em IA