Investigação encontra dispositivos ilegais usados por missionários para evangelizar indígenas da Amazônia

Missionários cristãos estão utilizando dispositivos de áudio movidos a energia solar na tentativa de evangelizar povos indígenas isolados na Amazônia, próximo à fronteira entre o Brasil e o Peru. É o que revela uma investigação divulgada no último domingo (27) pelo britânico The Guardian e O Globo.

Contendo mensagens bíblicas em português e espanhol, os aparelhos foram encontrados em territórios protegidos por medidas governamentais rigorosas no Vale do Javari, entre membros do povo Korubo. A região já havia sido alvo de grupos de missionários brasileiros e americanos antes da pandemia.

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O diretor da organização americana disse, ainda, que a In Touch não vai a lugares onde a legislação não permite, confirmando que o dispositivo não deveria estar no Vale do Javari. No entanto, Grey contou ao jornal britânico que missionários de outras organizações têm levado o Messenger para territórios protegidos, burlando a lei.

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O aparelho Messenger encontrado com o povo Korubo usa energia solar e é do tamanho de um celular. (Imagem: In Touch Ministries/Divulgação)

Drones misteriosos sobrevoam a região

Além dos dispositivos de áudio dos missionários, drones têm sido observados na região com frequência, de acordo com o relatório. As aeronaves não tripuladas aparecem principalmente no final da tarde e os policiais que atuam no posto de proteção na entrada do território já tentaram abatê-los, mas não conseguiram.

Um dos policiais que trabalham na base disse que os drones aparentam ser “muito sofisticados”. No entanto, não se sabe qual a origem deles, havendo suspeitas de que eles pertençam aos missionários, garimpeiros, pescadores ou traficantes.

O Ministério Público Federal tem acompanhado o caso para garantir os direitos dos povos isolados. A entidade vê com preocupação a presença dos missionários na área, principalmente diante da mudança de métodos para tentar a conversão dos indígenas.

Vale lembrar que o proselitismo é proibido no território Korubo desde 1987 por determinação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI). O acesso controlado também ajuda a proteger os grupos que vivem na região de doenças às quais eles possuem pouca ou nenhuma imunidade.

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