Meta: o Instagram mostra mais conteúdo nocivo a adolescentes vulneráveis

Resumo
  • Estudo interno da Meta revelou que o Instagram expõe adolescentes insatisfeitos com o corpo a conteúdos sobre aparência e distúrbios alimentares.
  • Segundo a análise, esses jovens recebem até três vezes mais esse tipo de conteúdo, e as ferramentas automáticas deixam de detectar 98,5% do material.
  • A Meta afirma ter reduzido em 50% a exibição de conteúdos com restrição etária para adolescentes desde julho.

Adolescentes que se sentem mal com o próprio corpo após usar o Instagram são expostos com muito mais frequência a conteúdos sobre distúrbios alimentares. É o que mostra um estudo interno da Meta, obtido pela Reuters e confirmado por um porta-voz da empresa.

Esses jovens veem cerca de três vezes mais publicações sobre corpo, dietas extremas e comparações físicas do que outros usuários. De acordo com a análise, os adolescentes mais afetados recebem um volume maior de postagens com temas considerados “maduros” — como sofrimento, comportamentos de risco e violência.

O que a pesquisa descobriu?

A Meta entrevistou 1.149 adolescentes ao longo do ano letivo de 2023-2024, analisando a frequência com que relataram se sentir mal com o corpo depois de usar o Instagram. Em seguida, os pesquisadores examinaram manualmente o conteúdo exibido para esses usuários durante três meses.

Entre os 223 jovens que disseram se sentir frequentemente insatisfeitos com a própria aparência após navegar na rede, 10,5% das publicações vistas eram relacionadas a transtornos alimentares ou à insatisfação corporal. Já entre os demais adolescentes, esse tipo de conteúdo representava apenas 3,3% do total.

No estudo, os autores escrevem que “adolescentes que relataram insatisfação corporal frequente após visualizar postagens no Instagram viram cerca de três vezes mais conteúdo focado no corpo/relacionado a transtornos alimentares do que outros adolescentes”.

Os pesquisadores também observaram que esses jovens tinham contato mais constante com conteúdos provocativos classificados pela própria Meta como “temas adultos”, “comportamentos de risco”, “sofrimento” e “crueldade”. No grupo afetado, essas categorias somavam 27% do feed, contra 13,6% entre os demais participantes.

Conteúdo sensível não é detectado no Instagram

Apesar das associações identificadas, o estudo não afirma que o Instagram causa insatisfação corporal diretamente. “Não é possível estabelecer a direção causal dessas descobertas”, escreveram os autores, reconhecendo a possibilidade de que adolescentes que já se sentem mal possam procurar mais esse tipo de conteúdo.

Mesmo assim, os próprios pesquisadores da Meta alertaram para o potencial de dano. O documento revelou falhas nos sistemas atuais de triagem da plataforma: 98,5% do conteúdo sensível considerado inadequado para menores não era detectado pelas ferramentas automáticas da empresa.

O relatório indica que o Instagram expõe adolescentes a altos níveis de conteúdo que consultores da própria empresa recomendam limitar. Nos exemplos, estão postagens classificadas como sensíveis, entre elas imagens de mulheres extremamente magras em roupas íntimas, vídeos de brigas e até desenhos de figuras chorando com frases como “como eu poderia me comparar?” e “fazer tudo acabar”.

Em resposta, o porta-voz da Meta, Andy Stone, afirmou que o estudo demonstra o compromisso da empresa em compreender e melhorar suas plataformas. “Esta pesquisa é mais uma prova de que continuamos comprometidos em entender as experiências dos jovens e usar esses insights para construir plataformas mais seguras e favoráveis ​​aos adolescentes”, disse à Reuters.

Apesar de não violarem as regras da Meta, os próprios pesquisadores inseriram um alerta de sensibilidade no estudo. A plataforma afirma que, desde julho, reduziu pela metade a exibição de conteúdos com restrição etária para adolescentes no Instagram.

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