Em um período de conexão discada e anos antes da chegada dos serviços de streaming, programas para baixar músicas e vídeos em baixa velocidade reinavam na internet. No auge do compartilhamento dessas mídias em formatos como o MP3, ferramentas fáceis de usar e com um acervo generoso permitiam acesso a lançamentos e discografias inteiras.
Entre esses softwares, um deles virou referência na área mesmo existindo por relativamente pouco tempo. É o Kazaa, uma simples plataforma de download que foi a alegria de muitos jovens de todas as partes do planeta — e o terror das indústrias de música e cinema — por oferecer acesso praticamente gratuito a uma infinidade de conteúdos piratas.
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Apesar de ser um dos mais populares em uma geração que teve nomes como Ares, eMule, Morpheus e LimeWire, o Kazaa era também um dos mais polêmicos. A instalação de adwares, programas de publicidade escondida ou forçada em navegadores e no próprio PC, gerou críticas da comunidade. Além disso, análises de serviços de cibersegurança notaram uma coleta exagerada de dados e possíveis caminhos abertos no protocolo para envio de malwares e outras ameaças.
Isso levou a comunidade a criar uma versão alternativa do cliente original, o Kazaa Lite, que era mais leve e igualmente funcional. Usando o mesmo padrão FastTrack, ela ficou inclusive mais famosa do que o programa base entre os usuários.
O cerco se fecha contra o Kazaa
Como a indústria da música já estava em uma investida agressiva contra o Napster, não demorou para isso acontecer também contra o Kazaa. Logo no ano do lançamento, ele já foi procurado por órgãos reguladores dos Países Baixos e dos Estados Unidos para responder sobre participação em atos de violação de direitos autorais.
Quando a situação começou a se complicar, a equipe passou o comando do Kazaa para uma empresa de fachada chamada Sharman Networks. Ela estava registrada na pequena ilha de Vanuatu, com servidores na Dinamarca e o domínio Kazaa.com mantido por uma empresa australiana — uma confusão proposital para dificultar a identificação pelas autoridades.

A Sharman tentou aumentar a própria receita com um serviço por assinatura premium, o Kazaa Plus. Em uma época em que isso ainda não era tão comum, a versão não tinha anúncios e permitia downloads mais rápidos e simultâneos, talvez já em uma tentativa de arrecadar verba para lidar com os processos.
O que aconteceu com o Kazaa?
A caçada de órgãos reguladores contra o Kazaa durou cerca de cinco anos sem trazer resultados. Até que um dos processos terminou em um acordo que, na verdade, foi visto como vitória para os estúdios de cinema que acusavam o serviço de contribuir e lucrar com a pirataria.
Na decisão, a Sharman concordou em pagar uma indenização que totalizava US$ 100 milhões (ou cerca de R$ 220 milhões na época). A companhia também se comprometeu a virar uma plataforma legalizada de músicas, com acesso limitado a catálogos e compensação financeira para artistas e gravadoras.
Só que isso não significou o fim das preocupações jurídicas, já que vários processos ao redor do planeta ainda se acumulavam e muitos também acabaram em acordos. Já não era mais sustentável tentar manter a plataforma, mesmo dentro dos eixos.
Outro problema é que largar a pirataria significava também perder a própria relevância. O Kazaa trocou de donos mais algumas vezes nos anos seguintes e chegou a lançar um aplicativo para dispositivos móveis em 2011, mas não resistiu ao torrent e ao início de serviços de streaming, inclusive os gratuitos como o YouTube.

O site do Kazaa, que era a única evidência de que os servidores permaneciam em atividade, fechou em 2012. Terminava neste ponto a história de um dos programas de download de músicas e vídeos mais populares de toda uma geração.
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No auge, o Kazaa chegou a ter acessos simultâneos de até 6 milhões de pessoas espalhadas pelo mundo — números bastante impressionantes para uma internet com menos de uma década de vida. O cliente nas versões original e Lite era campeão de downloads em sites internacionais e também brasileiros, como o caso do Baixaki.
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