O tempo passa para todos — até para quem passa o tempo jogando. Aqueles que cresceram com cartuchos, CDs, consoles e TVs de tubo hoje encaram boletos, reuniões e responsabilidades, mas continuam encontrando nos games um refúgio, uma memória viva da infância e um espaço de reconexão com quem foram em outrora.
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Enquanto isso, Sid Meier’s Civilization, lançado ainda antes, em 1991, seguia um caminho diferente: a estratégia por turnos. Em vez de batalhas frenéticas, os jogadores assumiam o controle de uma civilização inteira — do ano 4.000 AC até o futuro.
A missão? Conquistar o mundo com ciência, diplomacia ou poder militar. Civilization era basicamente um jogo de xadrez com impérios, perfeito para quem curtia pensar dez jogadas à frente.

Esses jogos não tinham tutoriais amigáveis nem dicas piscando na tela. Exigiam leitura de manuais, planejamento estratégico e muito tempo disponível. Por isso, quem jogava Warcraft ou Civilization naquela época já era “adulto” no espírito — e muitos continuam fãs até hoje.
Ambos são títulos que formaram uma geração de estrategistas de gabinete, que comandavam tropas e impérios sem levantar da cadeira. Hoje, quem fala desses clássicos muitas vezes é visto como “dinossauro gamer”. Mas afinal, não somos todos?
Por outro lado, a verdade é que Warcraft e Civilization seguem mais vivos do que nunca — seja em novas versões ou na memória de quem viveu o tempo de ouro dos computadores.
Tempo passa igual para todos — mas a impressão é que ele está indo cada vez mais rápido
A percepção de tempo é muito individual — mas a forma como levamos a rotina dita o ritmo que vivemos. Um estudo recente sugere que a impressão de que o tempo passa mais rápido com o envelhecimento está ligada ao funcionamento interno do nosso cérebro.
Em artigo publicado no The Conversation, as pesquisadoras sugerem que temos um “marcapasso interno” que influencia nossa noção subjetiva de tempo — assim como o coração regula os batimentos.

Segundo as neurocientistas, esse relógio biológico ajuda a construir uma memória pessoal do tempo — ou seja, a sensação de quanto dura um minuto ou uma hora é moldada por experiências passadas, e não apenas pelo tempo cronológico dos relógios.
Essa teoria explicaria por que muitas pessoas relatam que a infância parecia durar mais, enquanto a vida adulta passa mais depressa. O acúmulo de rotinas e a menor novidade nas experiências com o tempo reduzem a percepção de sua duração. Bem, não é à toa que uma jogatina depois do trabalho parece durar apenas alguns minutos.
Os jogadores estão envelhecendo, e está tudo bem. O controle continua firme nas mãos, mas a forma de jogar muda: menos tempo, mais significado. As madrugadas viram sessões curtas no fim do expediente.
A competição dá lugar à cooperação, à nostalgia, à pausa merecida. O videogame envelheceu com a gente — e isso é bonito. Porque crescer não é deixar de jogar, é entender melhor por que jogamos.
A atual geração de consoles vai fazer cinco anos em novembro
Quem é fã assíduo e acompanha a indústria de games de perto talvez meça o tempo em uma geração de videogames — com cada uma delas tendo, em média de seis a oito anos. Por exemplo: você sabia que o PS5 e o Xbox Series X|S vão completar cinco anos de mercado em novembro de 2025?
Não apenas isso, mas à essa altura do campeonato as gigantes da indústria já anunciaram que estão trabalhando na próxima geração de videogames — sendo que nem sequer aproveitamos a atual direito.
Muitos dos jogos, inclusive, estão explorando o real potencial do hardware só agora. Remasters e remakes não contam, mas isso é papo para outro texto.
No fim das contas, o tempo passa — e quem ama jogar com certeza dará um jeito de tornar o hábito uma tradição de família. Viva os videogames!